Nesta altura do ano, a maioria das crianças do 1º Ano, começam a mostrar que já fazem a descodificação do código escrito. No intuito de promover esta nova etapa, organizamos uma atividade especialmente para estas crianças: um livro de caixinha!
Inspiramo-nos no livro dos crescidos, que se inspiraram na obra de Madalena Moniz “Hoje Sinto-me”. A atividade consistia em escolher uma letra, desenhar e escrever algo de que se goste e que se inicia com a letra escolhida.
“Quero a letra do gelado!”, solicita a Mariana, a justificar a sua escolha, “é que eu gosto muito de gelados”!
“Gosto de UVAS, não sei fazer as folhas… Como se faz?” pergunta a Concha. “A orelha da vaca é difícil… é assim?…”
As crianças começam a ficar mais “exigentes” e policiam as produções. Já não é tão espontâneo o desenho, querem fazer da melhor forma, assim como nas palavras, temem “errar”.Imagens: Biblioteca do Cad
O Natal, com o clima ímpar para a preparação dos corações para o nascimento do Menino, inspira os mais pequenos, rapazes e raparigas, a fazerem as estrelas para enfeitar as árvores de suas casas…
As estrelas, em papéis reaproveitados, foram as prendas que as crianças fizeram durante semanas. “Quero fazer uma estrela para a minha professora, outra para a minha mãe que faz anos hoje…”
As crianças aprendiam e “perdiam-se” no tempo, sendo preciso instalar o despertador para se irem embora da biblioteca.
Os móbiles feitos com adereços de missangas, de fios reaproveitados, doados por colaboradores, ornamentaram o espaço da biblioteca, dando um novo ar.
Sabe-se que as Mandalas foram encontradas já nos primórdios da evolução humana, pois foram encontrados estes tipos de desenhos nas cavernas pré-históricas.
Ao longo dos séculos, diversos tipos de Mandalas surgiram em diferentes civilizações e religiões.
Embora as Mandalas apresentem inúmeras utilidades – podem ser cultuadas, utilizadas como objeto de meditação e até mesmo como um recurso psicoterapêutico – para nós foram utilizadas unicamente como uma obra de decoração artística e entretenimento.
A nossa biblioteca ganhou aspetos diferentes com esta criação das alunas do 5º e 6º ano.
“Uma atividade gira para nos entretermos”
“Um passatempo muito criativo, onde podemos mostrar a nossa criatividade”
“Isto diverte-nos e tem de se ter criatividade para criar. A Kátia tem ideias muito giras!”
É mesmo isso… Um dia gata, outro nem tão gata assim… esta oscilante forma de estar faz-se presente no “livro de caixinha” do 6º Ano; onde, para além de “gata”, encontram –se também pessoas a sentir –se “distante”, “saudável”, “cansada”, “maravilhosa”…
O Projeto proposto pelos “Cabeçudos” de construir um Livro em equipa colaborativa e multifacetada contribuição, envolvendo os alunos do 4º, 5º e 6º anos foi um longo e criativo processo que culminou com o lançamento de “O Vestido do Lagarto” como um dos pontos altos da Festa da Comunidade Educativa. Aqui ficam alguns ecos dos jovens protagonistas envolvidos no Projeto:
“Gostei muito das ilustrações e achei que o texto falava muito da diferença entre as pessoas e dava uma lição de vida.
Não achei bem a parte da cobra, porque achei um pouco infantil. O Lagarto Óscar salta para cima da cobra, mas essa ação não era precisa, pois os outros estavam a ser injustos com ele, e deviam reconhecê-lo pelo que ele valia, sem precisar que ele se arriscasse em atos tão heróicos.
Não é só por uma pessoa ajudar que vamos ficar amigos, tem de ser pelo que a pessoa é e vale por si mesma.
Gostei muito da parte em que puseram os nomes de toda a gente, pois deram a conhecer todos os autores, cada um com a sua contribuição.”
Mafalda A, 6B
“Foi um projecto motivante de fazer. Contribuímos com a história principal. A história transmite que podemos ser diferentes dos outros, não temos que ser todos iguais, que cada um tem a sua escolha e opinião.
No dia a dia, esta mensagem pode ser difícil de viver, pois pode acontecer que gozem connosco, mas devemos ignorar.
Acho que este livro pode contribuir para os mais novos usarem alguma coisa diferente ou serem melhor quem são.”
Tomás G, 6C
“Gostei muito do livro, adorei. Acho que está muito original. Tivemos que criar uma história com as letras da palavra AJUDA, criando primeiro, um desenho para cada letra. Depois, demos um nome a cada desenho e, com esses cinco nomes, cada um inventou uma história.
Lemos as nossas histórias e fiquei contente por o António P. ter ganho, mas, na verdade, todos ajudamos nos aspectos criativos: os meninos de 4º fizeram os desenhos e os colegas do 5º construíram os lagartos e fizeram o filme de animação. Aprendemos a trabalhar todos em equipa.
Sara M 6C
Gostamos quando a Senhora da Editora nos ensinou exercícios de escrita criativa.
A mensagem que o livro transmite ajuda-nos a aceitar os outros da forma que eles são, o que às vezes não é fácil.
Mas gostei muito da atividade, houve ideias criativas: escolheram duas pessoas que tinham de lançar um dado que indicava como se devia ler o texto; por exemplo, como se estivesse a vomitar lendo o texto, como se estivesse com cócegas, a rir, como se estivesse muito aborrecido e assim…
Imaginaram, “ser mais bonito do que as asas das borboletas”? Pois o mano da Bia é o miúdo mais bonito do que as asas da borboleta…
As crianças chegam à biblioteca e solicitam “coisas” para fazer… Mas, não é qualquer coisa: “Quero aquela conchinha no papel para fazer o postal do mano, que faz anos amanhã”.
Outras, que não tem manos para dizer estas palavras assim tão autênticas e genuínas, fazem para si mesmo o postal. “Hoje faço anos, quero fazer aquela borboleta…” e depois de a fazer, “…Deixa aqui para lembrar que foi no dia dos meus anos que fiz esta borboleta” disse a Madalena C. do 2º Ano, afixando o postal no mural da nossa biblioteca.
“Quero fazer esta dobragem, mas é difícil, ensinas-me?!”
Fazer um tsuru (grou), que simboliza paz, felicidade, boa sorte e saúde, não é simples, pois requer paciência e dedicação. A concentração e a paciência são habilidades desafiadoras para as crianças, pois estas vivem uma sobrecarga de estímulos, e quase todos muito velozes e imediatos.
Dobrar, passo-a passo, um papel quadrado, vincando bem cada dobra, uma, duas, três… inúmeras vezes até aparecer uma figura, surpreendendo a própria criança com o resultado, não é fácil, torna-se um desafio!
Esta arte milenar era utilizada na Corte Imperial, e era conhecida como um passatempo divertido e interessante, mas era praticada apenas por adultos porque, ao contrário de hoje, o papel era muitíssimo caro.
A arte do origami é ensinada nas escolas japonesas; estudiosos afirmam que esta arte teve origem na China.
Algumas crianças, as que gostam deste tipo de desafio, que pressupõe a disposição para estarem concentradas, demonstram interesse e solicitam outras figuras: “Vamos fazer o Pai Natal?” “Podemos fazer um sapinho?” “Eu trago da minha casa o livro de origami que recebi da minha mãe.”
Ter o livro em casa não parece ser tão interessante quanto estar com os colegas, expostos aos mesmos desafios, ajudando-se uns aos outros…
Fica a promessa de ajudar as crianças a dobrarem outras figuras, que para os japoneses, têm significados diferentes de outras culturas: o sapo significa amor e felicidade; a tartaruga significa longevidade, entre outros.
A plasticina, utilizada para desenvolver a criatividade e a motricidade fina, foi utilizada inúmeras vezes pelos alunos do 1º e do 2º Ano para compor as cenas que escolhiam.
As cenas disponíveis eram: quarto, floresta, biblioteca, mesa, campo de basquete e rua.
As crianças demonstravam ter destreza para a modelagem e imaginação fértil.
Para além da criação de objetos e pessoas para compor a cena escolhida, havia o enredo e uma narrativa do que estava a ocorrer.
Apenas um papel de tom suave – em formato de um coração, claro! – faz com que as crianças do 1º Ano misturem desenhos e tímidas palavras (mesmo consultando constantemente “como se escreve, carinho, querida,…” e os próprios colegas escrevem, apontando o dedo, “é assim…”) para manifestarem seus afetos…
Uma profusão de ideias afetivas derramadas sobre o traçado de desenhos e letras, cambiantes entre a imaginação e o domínio do processo de escrita que agora se instala.
O clima de manifestação da amizade e da confiança no amor, inspirados na história de São Valentim, tomou conta de todas as crianças, em fase de descoberta da utilização da escrita, da liberdade de pensar, manifestar, registar…
Muitos alunos se reuniam em torno de corações e canetas.
Cada um tinha em mente o que dizer sobre a amizade, o amor, a felicidade…
Mudamos os adereços… trocamos mobiles de estrelas para corações traçados e com muitos recados dentro. Todos queriam consultar o “recadinho” que alguém deixara por lá, em algum momento…
O Tangram, puzzle chinês, de origem milenar, formado por um quadrado de onde se retiram sete peças geométricas, foi utilizado por muitos alunos para a montagem de desenhos e letras.
Demonstraram-se habilidades em manipular as peças, muitas delas minúsculas; criatividade na escolha do que queriam representar/montar, sempre movidos por interesses peculiares:
“Quero fazer um para cada pessoa da minha família, minha mãe, E, meu pai, M e meu irmão, S”. “Quero fazer este coelhinho aqui, tão fofo!”
Com a proximidade do Dia de São Valentim, corações foram escolhidos para a manifestação dos afetos.
A “Torre de Hanói”, puzzle, inventado pelo matemático francês Édouard Lucas, em 1883, envolveu os alunos de todas as idades.
Mover o mínimo de vezes possível para transportar os elementos da torre da base A para a base C era o desafio do jogo, que foi feito com material reaproveitado.
Quem diria? Em época digital, em que especialistas debatem “prós e contras” sobre os treinos dos traçados das letras, ouve-se: “Quero aprender a fazer a letra da Katia”. “Tem papel com linhas para treinar?”
Foi uma grande surpresa a solicitação do “modelo” das letras “artísticas”, (preparadas manualmente para este fim) para que, literalmente, se copiasse, com esmero, cada traço, cuidando do tamanho e proporção, em linhas largas e estreitas.
Os alunos do 4º ano “tocam” a treinar! Movidos por um impulso desejoso de imitar o que os olhos interpretaram como belo à primeira vista…
Belos mesmo ficaram os acrósticos feitos com nomes de familiares, mãe, mano e professora.
Quase todos os dias, crianças de todas as idades querem “tecer” corações em papéis coloridos.
O que pulsa em nós, como símbolo do amor e da vida, torna-se fonte de inspiração e é manifestação de gratidão e carinho por parte das crianças.
Corações de todas as cores são “tecidos”, com cores diversas e objetivos distintos: “Quero fazer dois, um para minha mãe e outro para a minha professora”.
“Aprendi a fazer! Fiz um para a minha avó levar para a Itália, ficou lindo! Ela gostou…”
“Quero fazer como porta-guardanapos para a mesa do Dia do Natal, a Katia ajuda-me?”
Um desafio para as crianças de todos os anos. Encontrar as “mesmas cores”, tons e nuances do que está impresso em papel lustroso…
Imagem: Biblioteca do Cad
As crianças arriscam-se a usar os traços e a completar as cenas e os objetos; aguçam a atenção, a comparação, dando o contorno e o tom certo!
Imagem: Biblioteca do CAD
A imagem fica com as marcas que acentuam a diferença do que é manual e do que é impresso; assim surge a arte: no esforço da criança imitar a “perfeição”!
Foi este o nome mais próximo do “trabalho” vivenciado pelas nossas crianças, nas vésperas da Festa da Comunidade, na biblioteca do nosso colégio. As crianças entusiasmaram-se com a proposta de fazer docinhos, e, sobretudo, com a finalidade da “produção”.
A ideia era que cada par de crianças escolhesse um doce dos que estavam à mostra, para imitar, ou, se preferisse, criar um, o que logo instigou os pares:
– Podemos fazer um cão amarelo? – disse uma das crianças, já que à sua frente havia: ratos, flores, morangos, caracóis… tudo modelado em massa colorida, feita de leite condensado e coco.
A “regra” era modelar, no mínimo, 5 doces do mesmo tamanho, como numa produção de fábrica; já que seriam vendidos, teriam que ter o mesmo tamanho, pois o preço seria o mesmo. Os cães amarelos, uvas vermelhas, verdes e azuis, de entre outros tipos de docinhos estão na nossa festa para serem vendidos…
Entre as nossas crianças, felizes por participarem desta atividade, que consistia num produto do trabalho delas, está a certeza de que outras criançasreceberão os benefícios do mesmo.
Claro que a alegria estava na “brincadeira” da modelagem, mas, na essência, estava implícita a certeza de que fariam outras crianças ainda mais felizes!
Este ano, a Festa da Comunidade Educativa volta a reunir o melhor da sua criatividade e entusiasmo para celebrar a comunhão de vida de todos e cada um dos seus membros com uma finalidade solidária comum a todos os centros Amor de Deus e que sempre caracteriza as suas festas.
Este ano, é para as crianças do Maranhão, no nosso país irmão, que se voltam os nossos olhares e o nosso abraço amigo!
Na sequência do investimento efetuado na Biblioteca do nosso Colégio, tanto em termos físicos (remodelação do espaço pela APCAD), como em termos humanos e organizacionais (Direção do CAD), é com enorme satisfação que apresentamos algumas das atividades que, desde Setembro de 2015, temos vindo a proporcionar aos nossos alunos.
A Biblioteca do CAD é, neste momento, um espaço de trabalho e de expressão lúdica, onde acolhemos os alunos e lhes facultamos o devido acompanhamento. Mas é também um espaço cultural onde, por exemplo, montamos exposições e assistimos a récitas de poesia e prosa ou lemos livros e contamos histórias.
Neste espaço virtual, podem ver-se agumas das atividades que promovemos com o 1º e 2º ciclos, onde, informalmente, procurámos dinamizar a interação, criatividade e partilha entre os intervenientes.
Assim se contribui para o desenvolvimento integral da pessoa, em cumprimento do nosso ideário educativo.